Pular para o conteúdo
Início » Teste de drogas através da análise de fios de cabelo é apresentado no Congresso Nacional Criminalista

Teste de drogas através da análise de fios de cabelo é apresentado no Congresso Nacional Criminalista

    Camila Vieira – Correio da Bahia, 17 de novembro de 2007

    Identificar o consumo de drogas ilícitas, através do fio do cabelo. Ao contrário das análises feitas em amostras de urina e sangue, que só detectam o uso de tóxicos e entorpecentes após algumas horas, a nova técnica possibilita a identificação da substâncias ilegais consumidas no passado, inclusive, anos depois. A técnica foi apresentada pela especialista superior do Instituto Nacional de Medicina Legal de Portugal, Helena Teixeira, no XIX Congresso Nacional de Criminalista, que terminou ontem, no Bahia Othon Palace Hotel, em Ondina.

    Além de determinar o uso dessas substâncias pelo homem no passado, o procedimento é capaz de detectar a exposição a drogas durante o período intra-uterino. Mesmo diante da complexidade da análise, especialistas portugueses comemoram o sucesso do domínio da técnica científica. Helena explicou que a concentração das substâncias nos fios de cabelo é dez vezes maior que às encontradas em sangue e urina. As amostras podem ser colhidas dos pêlos da cabeça, da barba, axila e pestanas.

    Além disso, a especialista destacou outros benefícios como a facilidade da obtenção da amostra, o fato de não ser preciso pessoal especializado para coleta _ a amostra geralmente está disponível em grandes quantidades _, inexistência de risco de adulteração e o armazenamento, que despreza a necessidade de refrigeração. De acordo com a especialista, a diversidade de tipos capilares ligada a estrutura, organização e concentração de melanina e queratina (substâncias existentes nos cabelos) podem interferir na concentração das drogas.

    No entanto, Helena ressalta que dados mostram que o resultado mais eficaz se dá quando o fio é retirado junto com o bulbo capilar da raiz, parte capilar que mostra o uso mais recente de substâncias, resultando em uma análise mais precisa. “A droga pode ser incorporada ao cabelo através da corrente sangüínea, excretada através do suor e do sebo da pele. Mas, com o tratamento químico, como tinturas e uso de permanentes, há uma redução de até 90% da quantidade de drogas no cabelo”, explica.

    Dentes – “A droga não fica apenas no sangue, vai para o sistema nervoso central e depois para órgãos e tecidos. Os dentes também são uma extraordinária amostra para identificação em Portugal. É uma técnica bastante usada”, completou Helena.

    Ampliação do leque no país

    Para a congressista Andréa Sargi, perita criminal da Polícia Federal de Mato Grosso, a pesquisa, inédita no Brasil, representa mais uma possibilidade de amostra para análise de drogas, principalmente no caso de uma exumação, onde não há outra matriz, como o sangue ou urina.

    “Esse estudo é maravilhoso, pois a especialista portuguesa nos apresentou uma nova técnica, mais eficiente, para indicar um consumo anterior da droga, que fica preservada por mais tempo nos cabelos”, assinalou a perita. A pesquisa divulgada durante o XIX Congresso Nacional de Criminalística traça um novo horizonte para a aplicação da perícia do ponto de vista forense e judicial.

    Segundo ela, o estudo do fio do cabelo abre um leque para a técnica consultiva nos tribunais, confirmação de declarações judiciais relativas a consumo de drogas, além da distinção entre consumidor e traficante. “A partir dessa matriz de análise, a polícia científica brasileira agrega uma forma mais eficaz de confirmação de delitos sob influência de drogas”, considera.

    ***

    Benefícios da análise

    A concentração das drogas no cabelo é dez vezes maior que às encontradas em sangue e urina.
    As amostras podem ser colhidas dos pêlos da cabeça, da barba, axila e pestanas.
    Não é preciso pessoal especializado para coleta.
    A amostra geralmente está disponível em grandes quantidades.
    Inexistência de risco de adulteração.
    O armazenamento despreza a necessidade de refrigeração, ao contrário de outros materiais, como urina e sangue.
    O tempo para identificar a substância pode ser até de anos

    Link para notícia original

    *************************************************************
    Nota da Psychemedics Brasil

    A reportagem aqui transcrita trata da técnica desenvolvida pela pesquisadora portuguesa Helena Teixera; Nossos exames toxicológicos possuem características diferentes e procedimentos de coleta diferentes; Não usamos por exemplo a raiz dos cabelos.