Pular para o conteúdo
Início » Perfis de liderança na pandemia: Conheça os 4 perfis segundo pesquisa

Perfis de liderança na pandemia: Conheça os 4 perfis segundo pesquisa

    perfis de liderança na pandemia de covid-19

    Com o objetivo de descobrir como os líderes estão agindo na pandemia de covid-19, a pesquisa “realidade e percepções da alta liderança frente à crise”, realizada pelo PageGroup, empresa global de recrutamento executivo, em parceria com o Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, traçou 4 perfis de liderança na pandemia, com base nas atitudes dos profissionais neste período.

    Com isso, os perfis identificados foram; o cético, o orientado a pessoas, o autocentrado e o confiante.

    No entanto, de acordo com a pesquisa, o estilo de liderança pode ser situacional, visto que pode ser influenciado pela cultura da empresa, e não exclusivamente por sua natureza. Dessa maneira, um mesmo líder pode navegar por mais de um perfil de liderança. 

    Cada perfil predominante possui mais facilidade em determinadas situações e ambientes, o que não exclui também a capacidade de adaptação.

    Vale lembrar que o estudo também não se faz uma comparação de certo ou errado, de qual é o melhor ou pior; e sim o mais adequado para cada situação e cultura organizacional.

    Dessa maneira, confira os perfis de liderança na pandemia, que surgiram neste período de crise.

    O Cético

    O perfil cético de liderança, geralmente tem como principais características;

    • Esperar a recuperação das atividades econômicas a partir de 2023,
    • Se preocupa com a incerteza pela procura de seus produtos ou serviços,
    • Comumente centraliza a tomada de decisão para ganhar agilidade,

    Este perfil de liderança na pandemia atua em setores que sofreram muito com os impactos da Covid-19. Dessa maneira, eles geralmente pensam em como garantir a sobrevivência dos fornecedores, se preocupam em como ficará a economia, dado a desvalorização da moeda brasileira no contexto internacional, visto que isto afeta a importação e exportação, e também avaliam a redução das vendas pela possível baixa na procura de seus produtos e serviços.

    Boa parte desse ceticismo também se deve à expectativa de que a recuperação econômica só ocorrerá em 2023. Portanto, para eles, essa incerteza em relação ao futuro e a alta volatilidade do mercado requer um processo de tomada de decisão mais ágil e direta; Por essa razão, tende-se a centralizar as decisões para ganhar agilidade.

    Embora o perfil cético de liderança acredite que as reuniões de alinhamento são importantes, para que as áreas não sigam em direções distintas, eles tomam as decisões sozinhos, principalmente agora devido ao trabalho remoto.

    Orientado a pessoas

    Já o perfil orientado a pessoas, possui um comportamento mais empático, visto que preza por;

    • Segurança e produtividade, que são uma de suas maiores preocupações,
    • Foco na gestão de pessoas e nas soft skills
    • Medidas e benefícios com o objetivo de proporcionar bem-estar aos colaboradores.

    O perfil de liderança na pandemia que é orientado a pessoas fez com que muitos gestores experientes (cinco anos a mais no cargo) repensassem algumas de suas atitudes, especialmente devido a transição para o trabalho remoto. 

    Dessa forma, a segurança e a produtividade dos empregados estão sempre entre as principais preocupações do líder. Além disso, este perfil preza muito pelas soft skills, aliadas ao desenvolvimento de habilidades estratégicas, assim como na gestão de pessoas.

    Vale destacar que, segundo a pesquisa, nem todos os líderes agiam dessa maneira antes da crise, porém se desenvolveram a partir da nova realidade imposta pela pandemia de Covid-19. A vista disso, os líderes afirmaram que se tornaram mais sensíveis às questões pessoais da equipe, e relataram que se aproximaram mais dos colaboradores, a nível pessoal durante este período.

    Os líderes também se viram envolvidos na vida particular de seus liderados, vendo as condições e desafios de cada um. Por essa razão, preocupados com o bem-estar dos colaboradores, este perfil tende a disponibilizar estações de trabalho da empresa, bem como reembolso de conta da internet, promover conversas individuais para verificar como cada um está se sentindo, entre outros momentos virtuais de integração.

    O autocentrado

    O perfil de liderança autocentrado costuma ter muito foco no negócio, além de buscar maior eficiência, dado as características que envolvem;

    • Tomada de decisão centralizada (que já costumava acontecer antes da pandemia)
    • Acredita que é normal a flexibilidade diminuir um pouco em tempos incertos
    • Trabalha em uma empresa pequena ou média de até 200 colaboradores

    Devido a crise e a volatilidade do mercado, este perfil de liderança na pandemia costuma centralizar as tomadas de decisões, principalmente nas empresas de pequeno e médio porte, que tendem a se enrijecer ainda mais neste período. Porém, com o aumento dessa centralização, há um efeito colateral para os líderes; a sobrecarga de trabalho.

    De acordo com os líderes entrevistados, muitos estão realizando um número maior de tarefas, o que por consequência acaba aumentando a própria carga horária de trabalho, na tentativa de mitigar os impactos da covid-19 na empresa e na saúde física e mental dos colaboradores.

    Os líderes autocentrados procuram dar maior importância às atividades de reestruturação de custos e relações com os fornecedores. Além disso, este perfil de liderança tem enfrentado diversos desafios em relação à gestão de equipes em modelos de trabalho que não estavam acostumados, como todos em home office, ou parte atuando de casa e a outra parte presencial.

    Dessa forma, com diversas variáveis, o líder opta geralmente por centralizar em si a tomada de decisão, direcionamentos e também a comunicação. Na visão deste líder, ser centralizado permite obter maior ganho para empresa, visto que a centralização facilita o entendimento das responsabilidades de cada colaborador.

    O líder autocentrado também afirma que a tomada de decisão centralizada implica em menor transparência, porém somente diminui a flexibilidade, algo que é comumente visto como natural por eles, dado a incerteza na pandemia, por exemplo.

    O confiante

    Por fim, o último perfil de liderança na pandemia, o confiante, tem como as seguintes características;

    • Atua em parceria com fornecedores para cuidar da cadeia como um todo,
    • Enxerga oportunidades, abrindo espaço para inovação,
    • Incentiva uma gestão menos centralizada,

    Ao contrário do perfil cético, o confiante espera maior faturamento e contratações a partir de 2021, observando ainda uma melhora na competitividade da empresa. 

    Além disso, o líder confiante acredita que o desempenho positivo de um setor pode compensar o outro que sofreu mais com os impactos da crise.

    Essa confiança dos líderes é decorrente dos bons resultados que conseguiram obter mesmo com os impactos da covid-19 em suas estruturas. Por essa razão, os líderes confiantes desejam aproveitar as oportunidades do mercado e se decidem a ajudar os fornecedores para promover a sustentabilidade da cadeia. 

    Com a positividade gerada pela confiança, a gestão deste perfil de liderança na pandemia é menos centralizada. Assim, os líderes confiantes costumam estimular a agilidade nos times, incentivando a formação de equipes multidisciplinares voltadas para inovação, valorizando as competências de cada profissional e evitando a existência de capacidade ociosa na empresa.

    Por fim, este perfil de liderança também acredita que a crise de Covid-19 revelou o potencial das pessoas de se reinventar e trabalhar em áreas diferentes, o que acaba abrindo uma grande oportunidade para aprender e crescer.

    Conclusão

    Com estes 4 perfis de liderança na pandemia identificados, o que significa para os executivos e para os líderes de hoje? O contexto importa e precisa ser entendido com maior detalhes, pois nem todos reagimos de maneira uniforme a cada desafio surgido. 

    Os líderes mais bem sucedidos possuem uma inteligência contextual além das conhecidas inteligências cognitivas e emocionais, afirma Paul Ferreira, diretor do centro de liderança da Fundação Dom Cabral.

    A pesquisa sobre a “realidade e percepções da alta liderança frente à crise” foi feita em setembro e outubro de 2020, com a participação de cerca de 230 executivos que ocupam cargos como; presidente, vice-presidente, diretor, superintendente e outras posições de alto escalão em todo o Brasil. Além de preencherem o formulário de pesquisa, os executivos também passaram por entrevistas individuais.


    Fonte: Valor Investe – Globo

    Confira outros assuntos que possam ser de seu interesse: