01/05/2013 – Folha de São Paulo
O medo da inflação foi trocado pelo temor de ter algum jovem da família envolvido com drogas.
Foi esse o movimento do medo na cidade de São Paulo em 30 anos, registrado pelo Datafolha ao refazer a sua primeira pesquisa.
O primeiro levantamento do departamento que seria o embrião do Datafolha, publicado há 30 anos, captou uma cidade atemorizada pela inflação, o principal problema do país na época.
A alta do custo de vida era apontada como o maior medo para 26% dos paulistanos.
O medo maior agora, de acordo com 45% dos moradores da cidade entrevistados pela Datafolha, é o do envolvimento de jovens da família com tóxicos.
Em 1983, esse medo aparecia em segundo lugar no ranking da pesquisa, com 23%.
A inflação, associada à imagem do dragão em 1983, virou um gatinho em 2013. Apenas 7% apontam a alta do custo de vida como o seu principal temor.
O Banco Central subiu os juros neste mês para combater a inflação, que voltou a preocupar o governo e o mercado financeiro, mas ela está muito longe dos níveis observados 30 anos atrás.
O medo da inflação foi o índice que mais recuou quando se compara os dois levantamentos do Datafolha.
Em 1983, a inflação anual passou de 200%, segundo o Índice Geral de Preços da Fundação Getúlio Vargas. Neste ano, ela deve ficar abaixo de 6%, segundo projeções de analistas do mercado.
Outro medo que despencou foi o de perder o emprego: era citado por 18% há 30 anos e por apenas 5% agora.
VIOLÊNCIA
Se a inflação perdeu importância no ranking dos medos nesses 30 anos, a violência continua uma constante.
O medo de ter a casa invadida por assaltantes era considerado o maior temor por 22% há 30 anos e aparecia em terceiro lugar na lista elaborada pelo Datafolha.
Hoje, esse é o principal medo de acordo com 26% e subiu para o segundo lugar.
O medo de ser assaltado na rua cresceu ainda mais nesse período. Em 1983, esse temor aparecia em quinto lugar na pesquisa, com 9% das menções. Agora, está em terceiro, e é o maior medo para 16% dos paulistanos.
Há 30 anos a soma do medo de ter a casa invadida e de ser assaltado (31%) na rua colocava a violência no topo do ranking, acima da inflação.
Outra constante nas duas pesquisas são os que se declaram destemidos. Eram 2% em 1983. Agora é 1%.