Com o surgimento da crise do novo coronavírus (Covid-19), e os impactos significativos no mundo dos negócios, o tema sobre a saúde mental dos empreendedores na pandemia, tem sido motivo de debate em diversas mídias, sejam elas nacionais ou internacionais.
Isto porque, a pandemia de covid-19 aliado a adoção de medidas de distanciamento social, alteraram consideravelmente a rotina e o ambiente de negócios. Com isso, as incertezas impostas neste período abalaram profundamente o estado mental dos brasileiros.
Tendo em vista analisar este tema, a Troposlab, empresa especializada em inovação, em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por meio do PPG Cogcom (Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento); realizou no mês de Junho, um estudo pioneiro no Brasil a respeito da saúde mental dos empreendedores em tempos de pandemia.
Para compor o estudo, foram coletados cerca de 653 respostas de quase todos os estados brasileiros. Vale ainda destacar que, o estudo contou com apoio de instituições como o Sebrae, Inovativa e Anprotec. Esta é a primeira vez que se realiza um estudo desse porte no Brasil.
Resultado do estudo sobre saúde mental dos empreendedores na pandemia
De acordo com a conclusão do estudo, foi possível observar que, 51,1% dos empreendedores tiveram suas vidas impactadas pela pandemia, no entanto, se sentiam bem a maior parte do tempo. Por outro lado, 24,9% dos empreendedores afirmaram que foram afetados significativamente.
Importante mencionar também que, a necessidade de acompanhamento e cuidados com a saúde mental, assim como o início de uso de medicamentos (ansiolíticos e antidepressivos, ou até mesmo ambos) durante o período de pandemia, foi relatada por cerca de 15,6% dos entrevistados.
Segundo Maria Mendonça, sócia e diretora de cultura e times da empresa Troposlab, explica que, a percepção da incerteza, a autoeficácia, e o tipo de negócio, impacta diretamente na saúde mental do empreendedor durante uma crise, como a de covid-19.
“Os sintomas de doenças psicológicas aumentam à medida que o rendimento familiar cai, ainda que com força pequena. Mas quanto mais o empreendedor percebe que possui estratégias pessoais para lidar com os desafios trazidos pela pandemia, menores são os seus níveis de adoecimento psicológico”. afirma a diretora.
Estresse, ansiedade e depressão
Além de saber sobre os impactos da pandemia na saúde mental dos empreendedores, outros resultados apontam que; as mulheres apresentam maior intensidade dos sintomas para ansiedade (28,5%), quando comparado aos homens (22,2%), estresse (5,36%) e nos homens (5,22%) e também uma maior prevalência para a depressão (10,4% nas mulheres, e homens com 3,4%).
A pesquisa também indicou que, 80% dos empreendedores apresentaram níveis baixos de estresse ansiedade e depressão, no qual cerca de 4 a 6% apresentaram níveis severos dos mesmos sintomas. Dentre essa quantidade, 13,8% dos entrevistados afirmaram “sim” para depressão, enquanto 50,7% afirmaram “sim” para ansiedade.
Em relação aos estados que mais apresentaram uma frequência sintomatologia alta, estão o São Paulo, Goiás e Distrito Federal, o que pode apontar para níveis de sofrimento psicológico mais altos.
Segundo Mendonça: “O levantamento desses dados é muito importante, pois a partir deles novas pesquisas sobre a saúde mental do empreendedor poderão ser geradas, o que abre portas para a discussão e sensibilização da importância do desenvolvimento saudável no ambiente de negócios”
Planos de contingência colaboraram para um menor efeito da ansiedade e depressão
A pesquisa da Troposlab também evidenciou que, durante a crise de covid-19, os empreendedores que conseguiram elaborar um plano de contigência para o enfrentamento dos impactos da pandemia nos negócios, conseguiram ter maior sucesso, assim como menor efeitos adversos em termos de ansiedade e depressão.
Em relação aos planos de contingência e a saúde mental dos empreendedores na pandemia, Carlos Melles, presidente do Sebrae, afirma que “os empreendedores que têm maior propensão a planejar suas ações, além de garantir maior chance de vida ao seu empreendimento, também conseguem reduzir os efeitos negativos da pandemia sobre sua qualidade de vida”.
Fonte: Exame.com
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